Estava lendo um pouco sobre o gênero Vanilla e deparei-me com uma poesia de Gonçalves Dias inspirada nestas orquídeas. Já tratamos em outra postagem, nos primórdios deste blog, sobre a produção dos frutos da Vanilla planifolia, entre algumas outras espécies, que são utilizados para aromatizar nobres receitas culinárias. Os frutos, tratado entre nós como baunilha (favas de baunilha), constituem uma das mais caras especiarias. Divido com voces a visão do poeta:
A Baunilha
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- Vês como aquela baunilha
- Do tronco rugoso e feio
- Da palmeira - em doce enleio
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- Se prendeu!
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- Como as raízes meteu
- Da úsnea no musgo raro,
- Como as folhas - verde-claro -
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- Espalmou!
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- Como as bagas pendurou
- Lá de cima! como enleva
- O rio, o arvoredo, a relva
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- Nos odores!
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- Que inspiram falas de amores!
- Dá-lhe o tronco - apoio, abrigo.
- Dá-lhe ela - perfume amigo,
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- Graça e olor!
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- E no consórcio de amor
- - Nesse divino existir -
- Que os prende, vai-lhes a vida
- De uma só seiva nutrida,
- Cada vez mais a subir!
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- Se o verme a raiz lhe ataca,
- Se o raio o cimo lhe ofende,
- Cai a palmeira, e contudo
- Inda a baunilha recende!
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- Um dia só! _ que mais tarde,
- Exausta a fonte do amor,
- Também a baunilha perde
- Vida, graça, encanto, olor!
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- Eu sou da palmeira o tronco,
- Tu, a baunilha serás!
- Se sofro, sofres comigo;
- Se morro - virás atrás!
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- Ai! que por isso, querida,
- Tenho aprendido a sofrer!
- Porque sei que a minha vida
- É também o teu viver.
- Gonçalves Dias - 1861
- (fonte wikipédia)
- PS: e dizem por aqui que orquídea não é cultura! Pobres incultos!
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