O que acontece com a CAOB - Parte 2²?

Laelia álbida  tipo. Foto y cultivo E.A.P.G
Foto retirada do site microplanta.com

Numa época em que a palavra bullying tornou-se corriqueira, passei a sentir na pele o peso de tamanha maldade. Recebo diariamente recados, notícias, fofocas sempre pejorativos, insistindo e afirmando que só teço críticas e não colaboro ou acrescento nada. Sempre as palavras são as mesmas "se não concordar publique no seu blog".

O blog não é meu, ou pelo menos não o faço para minha promoção pessoal, pois não almejo nenhum cargo ou posto, visto o trabalho que já exerço profissionalmente e com a minha associação. Quando criei o blog, tinha a intenção de divulgar eventos e participações da ORQUIPIRA, pois mesmo com dezenas de viagens, primeiros lugares, campeonatos conquistados,  nem em Piracicaba nossos esforços eram reconhecidos, fato este que não alterou-se até hoje. Aproveitei este espaço para divulgar algumas falhas da CAOB, não sem antes escrever confidencialmente ao seu presidente e não obter resposta. Até hoje estou sem as respostas e agora passei a ser considerado vilão da história até pelos coordenadores, juízes, amigos e parentes de pessoas ligadas a CAOB. Nunca questionei uma nota que fosse dada pelo juiz, mesmo quando inconformado com ela. Todos os questionamentos sempre foram pautados em dados técnicos, regras da própria CAOB ou de alguma entidade internacionalmente reconhecida. Sempre defendi a importância do trabalho da CAOB e a abnegação de seus membros da diretoria, corpo de juízes e coordenadores. Agora, simplesmente calar e aplaudir o errado não é possível. Quando iniciei minha primeira correspondência privativa para a CAOB, tinha a intenção de colaborar, somar, como sempre fiz, mantendo minha associação ativa, pertencendo ao conselho  deliberativo, realizando exposições coordenadas pela CAOB, prestigiando exposições de outras entidades, julgando, etc. Como acabei de dizer, as exposições são coordenadas pela CAOB e devem obedecer suas regras, caso contrário teríamos uma verdadeira torre de Babel.

Depois de muito insistir, finalmente a CAOB trocou o texto em seu site das regras em vigor, mas com data retroativa a 1º de janeiro. Quem consultar exposições do início do ano, quando as regras eram as anteriores, encontrará pódios em categorias que simplesmente não existem (foram deletadas) ou categorias que agora premiam plantas de categorias diferentes, tornando impossível descobrir o que aconteceu.

Citemos alguns fatos recentes apenas para tornar claro que os erros continuam e falta a humildade de assumi-los, transferindo a culpa para nós vítimas de um sistema que criamos e que agora quer nos excluir:

- Em Araras, enviamos 5 plantas com o nome de Octomeria alpina e recebemos nota I, nome errado, pois o juiz identificou-as como Octomeria crassifolia. Argumentei que pelas regras CAOB, constantes no site oficial da entidade para consulta, ambas são consideradas sinônimos, inclusive abrindo o referido texto diretamente do endereço virtual da CAOB em meu celular e mostrando ao juiz, sem sucesso. Irredutível o juiz disse que iria consultar suas fontes e se acreditasse estar errado devolveria os pontos. O convite que recebi dizia que o julgamento obedeceria as regras da CAOB. Que bases consultar então?

- Esta semana em Porto Feliz foi concedido o segundo lugar da categoria I, espécies nacionais, a uma Laelia albida, presente exclusivamente no México. Não questiono os méritos da planta, mas o juiz errou e o coordenador aceitou o erro, perpetuando agora na história da CAOB que a segunda melhor espécie brasileira da exposição de Porto Feliz é uma planta Mexicana (pelo menos não é Argentina). Se ficou errado, quero crer que nenhum juiz, nem o coordenador, nem o presidente da CAOB que estava julgando, sabem do fato, ou pelo menos não sabiam onde a planta era encontrada, pois agora todos aprenderam que é no BRASIL!!!! Que perigo!!!

- Ainda em Araras o terceiro lugar da categoria VI foi concedido a um "Bulbophyllum careyanum lilacinum". Ou é careyanum ou lilacinum! Não existe e nunca existiu a descrição de um Bulbophyllum careyanum variedade ou forma lilacinum. Nome certo para Piracicaba é letra I, mas para os outros, mesmo com nome errado é pódio? Novamente não questiono os méritos da planta, mas nome errado não deve ser julgado, é a regra. Mais uma vez a CAOB estará divulgando para o mundo uma inverdade e com o peso de seu nome, isto poderá ser repetido como certo e verdadeiro!

- No mesmo regulamento de julgamento 2013 (que repito são as regras da CAOB), diz que Microsaccus deverá pontuar com um mínimo de 2 inflorescências. Esta semana mandei 2 plantas do gênero: um Microsaccus griffithii com 6 inflorescências e um Microsaccus wenzelii com mais de 20. as duas foram agraciadas com a letra B "pouca flor". Outra planta julgada com letra "B", foi uma Scaphyglottis lívida (ou Hexadesmia monophylla Barb.Rodr. 1877; Hexadesmia reedii Rchb. f. 1878; Hexadesmia sessilis Rchb. f. 1877; Isochilus dubius A.Rich. & Galeotti 1845; *Isochilus lividus Lindl. 1839; Leaoa monophylla (Barb.Rodr.) Schltr. & Porto 1922; Leaoa reedii (Rchb.f.) Garay 1954; Pachystele dubia (A.Rich. & Galeotti) Schltr. 1923; Pachystele livida (Lindl.) Brieger 1976; Pachystelis dubia (A.Rich. & Galeotti) Rauschert 1983; Pachystelis livida (Lindl.) Rauschert 1983; Ponera dubia (A.Rich. & Galeotti) Rchb.f. 1856; Scaphyglottis dubia (A.Rich. & Galeotti) Benth. & Hook.f. ex Hemsl. 1884; Scaphyglottis purpusii Schltr. 1918; Scaphyglottis reedii (Rchb. f.) Ames 1941; Scaphyglottis sessilis (Rchb. f.) Foldats 1968), que precisa de 20 inflorescências para pontuar e tinha quase o dobro.  Quem foi que disse que eram poucas flores? Quem faz as regras, o juiz ou a CAOB? Cada um julga como quer ou segue um código mínimo de regras? Se cada um fizer como quer a CAOB será em breve a casa da mãe Joana!

Como não participamos das exposições de Vespasiano e São Joaquim da Barra e a CAOB não publicou os pódios no site, fica a análise para uma outra data.

Entendam que não critico simples e puramente para desmotivar, destruir ou desmerecer o trabalho alheio. Acho apenas que os erros acontecem, mas devem ser corrigidos. Notas explicativas devem fazer parte da planilha para que no futuro, ninguém repita os erros como verdade. Os juízes devem ser alertados das regras e o descumprimento das mesmas deve gerar avisos, ofícios, comunicados e até punições se necessário, pois é o nome da CAOB em baila. Se diariamente evoluirmos, estaremos cada vez melhores. Se fecharmos nossas portas e teimarmos em não aceitar nossos erros um dia estaremos totalmente obsoletos e desmoralizados. Toda publicação dedica um espaço em seu próximo número a erratas, os telejornais assumem no ar, para todo o Brasil suas falhas, porque só a CAOB não quer assumir seu caráter humano de falibilidade?

Quanto ao bullying, hoje sou adulto e analisado, fico triste, mas felizmente sei dos meus atos e intenções, pena que nem todos tenham este conhecimento.